FICA AHI SEDIA BNP
BIBLIOTECA NEGRA DE PELOTAS SERÁ FUNDADA HOJE
por Pablo Rodrigues
Depois de quase 120 anos da abolição da escravatura será fundada hoje - Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial - a primeira Biblioteca Negra de Pelotas (BNP) destinada à valorização da história e cultura afro-brasileira.
O evento ocorre a partir das 20h no Clube Cultural Fica Ahí. A diretora da Fundação Palmares (instituição vinculada ao Ministério da Cultura responsável por assuntos relacionados à cultura afro), Leila Silva, elogiou a criação da BNP e afirmou desconhecer a existência de outra biblioteca no País com o mesmo propósito.
A BNP surgiu de uma parceria entre o Grupo Sangoma de Estudos da Cultura Negra - criado por alunos negros do curso de Filosofia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) - e o Fica Ahí. O coordenador do Sangoma, professor Uruguay Cortazzo, afirmou que a nova Biblioteca deve se tornar futuramente em núcleo de pesquisa: “Qualquer pessoa poderá acessar o acervo e pesquisar sobre história e cultura da diáspora africana nas Américas.”
Cortazzo salientou a importância simbólica de a BNP estar sediada em espaço socialmente negro: o Clube Cultural Fica Ahí. “Os negros estarão próximos da Biblioteca, juntos a ela em local que sempre lhes pertenceu. Por mais incrível que pareça, há locais públicos em que a presença do negro ainda não é bem-vista”, disse.
A vice-presidente do Fica Ahí, Maria Helena Silveira, afirmou que a fundação da BNP é a realização de um desejo antigo: “É um sonho da nova diretoria e também de todas as anteriores a criação desta biblioteca. Ainda mais se tratando da etnia negra, que é difícil encontrar bibliografia. A fundação ficará na história de Pelotas.”
Lisandro Dias, integrante do Grupo Sangoma e estudante do 5º semestre de Filosofia, disse que é importante criar espaços nos quais a intelectualidade seja ainda mais desenvolvida. “A biblioteca será esse espaço. Dançar é importante. Cantar é importante. Estimular o pensamento crítico também”, disse.
PROGRAMAÇÃO
Além da fundação da Biblioteca Negra de Pelotas, o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial tem outras atividades na cidade.
O Movimento Negro promove a partir das 14 horas no Calçadão campanha de esclarecimentos à população com a distribuição de material sobre preconceito e discriminação de raça.
O artista Paulo Corrêa promove hoje mostra coletiva no hall de exposições do Centro de Integração do Mercosul da UFPel.
A exposição conta com obras de Iara Braga, Valdir Ferreira, Laura Elisa, Dielson Braga, José Darci e Jonas Martins.
O coordenador afro da Secretaria de Projetos Especiais, Daniel Amaro, disse que a função do Poder Público nesses casos não é ditar o que o Movimento Negro deve fazer, mas apoiar suas iniciativas: “Por isso estamos apoiando e buscando dar infra-estrutura às manifestações.”
SERVIÇO
O ato de fundação da Biblioteca Negra de Pelotas ocorre a partir das 20h no Clube Cultural Fica Ahí.
Os ingressos custam R$ 10,00 e serão revertidos à compra de acervo bibliográfico.
A cantora Giamarê, Sérgio Insaurriaga e o grupo Trem do Sul serão as atrações artísticas da noite.
Neuza Zoch, da Secretaria de Cidadania do Estado, realizará palestra sobre A mulher negra e o mercado de trabalho e renda.
ACERVO
A Biblioteca Negra de Pelotas conta ainda com acervo pequeno: cerca de 30 obras. No entanto, certos exemplares são importantes para conhecer a cultura afro-brasileira. Exemplo disso são as edições do jornal Quilombo: Vida, Problemas e Aspirações do Negro - reunidas em livro pela Editora 34 - coordenado por Abdias do Nascimento, um dos principais pensadores negros brasileiros. De 1907 a 1957 funcionou em Pelotas o jornal A Alvorada. A publicação também era voltada à população negra da cidade.
DOAÇÕES
Obras que abordem a história e a trajetória da cultura afro podem ser doadas para a Biblioteca Negra de Pelotas. As doações devem ser encaminhadas ao Clube Cultural Fica Ahí: rua Marechal Deodoro, 368. Mais informações pelo telefone 3272-2307.
HISTÓRIA DE UM MASSACRE - 21 DE MARÇO
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial em memória do Massacre de Shaperville.
Em 21 de março de 1960, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe que os obrigava a portar cartões de identificação para especificar os locais pelos quais poderiam circular. Isso aconteceu na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. A manifestação era pacífica. O exército, no entanto, atirou sobre a multidão, matou 69 pessoas e deixou outras 186 feridas.
O dia 21 de março marca ainda outras conquistas da população negra no mundo: a independência da Etiópia, em 1975, e da Namíbia, em 1990. Ambos países africanos.
FONTE: www.diariopopular.com.br
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RS GANHA "BIBLIOTECA NEGRA" EM PELOTAS
por José Antonio dos Santos da Silva
Fundação Cultural Palmares e Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPel assinaram Termo de Cooperação e Integração na sexta-feira(9), em ato realizado no Centro de Integração do Mercosul.
Resgatar a importância da cultura negra é o principal objetivo do Termo. Entre outras ações, a cooperação pretende capacitar educadores para a implementação da lei 10.639, cujo teor torna obrigatório o estudo sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos ensinos fundamental e médio.
Zulu Araújo
Em visita a Pelotas, o presidente da Fundação Palmares, Zulú Araújo, ressaltou a necessidade de aprimoramento dos ensinos voltados à cultura africana. "A África é o continente-mãe da humanidade e deu contribuições civilizatórias importantíssimas", disse Zulú.
O vice-reitor da UFPel, Telmo Pagana Xavier, declarou que o convênio é positivo tanto para a Universidade quanto para a comunidade em geral e disse que o ato trará um grande incremento para a região e resultados significativos para todos, principalmente porque Pelotas tem um grande número de afro-descendentes.
Além da Lei 10.639, a pró-reitoria de Extensão e Cultura desenvolve o Programa Buscando as Origens, que reúne quatro projetos, que são os relativos à Semana Zumbi, que visa promover em novembro a união das datas dos dias 14, Dia dos Lanceiros Negros, e 20, Dia da Consciência Negra; ao projeto Núcleo da Memória e de Estudos Afro-brasileiros da UFPel, "Memoáfrica"; ao trabalho Escola dos Tambores, que deverá trazer o Olodum a Pelotas; e ao projeto Caravana Afro-Brasileira, que pretende propiciar a 40 ministros de religiões de matriz africana radicados na Zona Sul uma visita a Salvador, Bahia, para observar semelhanças e diferenças entre as culturas religiosas das duas regiões.
por Pablo Rodrigues
Depois de quase 120 anos da abolição da escravatura será fundada hoje - Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial - a primeira Biblioteca Negra de Pelotas (BNP) destinada à valorização da história e cultura afro-brasileira.
O evento ocorre a partir das 20h no Clube Cultural Fica Ahí. A diretora da Fundação Palmares (instituição vinculada ao Ministério da Cultura responsável por assuntos relacionados à cultura afro), Leila Silva, elogiou a criação da BNP e afirmou desconhecer a existência de outra biblioteca no País com o mesmo propósito.
A BNP surgiu de uma parceria entre o Grupo Sangoma de Estudos da Cultura Negra - criado por alunos negros do curso de Filosofia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) - e o Fica Ahí. O coordenador do Sangoma, professor Uruguay Cortazzo, afirmou que a nova Biblioteca deve se tornar futuramente em núcleo de pesquisa: “Qualquer pessoa poderá acessar o acervo e pesquisar sobre história e cultura da diáspora africana nas Américas.”
Cortazzo salientou a importância simbólica de a BNP estar sediada em espaço socialmente negro: o Clube Cultural Fica Ahí. “Os negros estarão próximos da Biblioteca, juntos a ela em local que sempre lhes pertenceu. Por mais incrível que pareça, há locais públicos em que a presença do negro ainda não é bem-vista”, disse.
A vice-presidente do Fica Ahí, Maria Helena Silveira, afirmou que a fundação da BNP é a realização de um desejo antigo: “É um sonho da nova diretoria e também de todas as anteriores a criação desta biblioteca. Ainda mais se tratando da etnia negra, que é difícil encontrar bibliografia. A fundação ficará na história de Pelotas.”
Lisandro Dias, integrante do Grupo Sangoma e estudante do 5º semestre de Filosofia, disse que é importante criar espaços nos quais a intelectualidade seja ainda mais desenvolvida. “A biblioteca será esse espaço. Dançar é importante. Cantar é importante. Estimular o pensamento crítico também”, disse.
PROGRAMAÇÃO
Além da fundação da Biblioteca Negra de Pelotas, o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial tem outras atividades na cidade.
O Movimento Negro promove a partir das 14 horas no Calçadão campanha de esclarecimentos à população com a distribuição de material sobre preconceito e discriminação de raça.
O artista Paulo Corrêa promove hoje mostra coletiva no hall de exposições do Centro de Integração do Mercosul da UFPel.
A exposição conta com obras de Iara Braga, Valdir Ferreira, Laura Elisa, Dielson Braga, José Darci e Jonas Martins.
O coordenador afro da Secretaria de Projetos Especiais, Daniel Amaro, disse que a função do Poder Público nesses casos não é ditar o que o Movimento Negro deve fazer, mas apoiar suas iniciativas: “Por isso estamos apoiando e buscando dar infra-estrutura às manifestações.”
SERVIÇO
O ato de fundação da Biblioteca Negra de Pelotas ocorre a partir das 20h no Clube Cultural Fica Ahí.
Os ingressos custam R$ 10,00 e serão revertidos à compra de acervo bibliográfico.
A cantora Giamarê, Sérgio Insaurriaga e o grupo Trem do Sul serão as atrações artísticas da noite.
Neuza Zoch, da Secretaria de Cidadania do Estado, realizará palestra sobre A mulher negra e o mercado de trabalho e renda.
ACERVO
A Biblioteca Negra de Pelotas conta ainda com acervo pequeno: cerca de 30 obras. No entanto, certos exemplares são importantes para conhecer a cultura afro-brasileira. Exemplo disso são as edições do jornal Quilombo: Vida, Problemas e Aspirações do Negro - reunidas em livro pela Editora 34 - coordenado por Abdias do Nascimento, um dos principais pensadores negros brasileiros. De 1907 a 1957 funcionou em Pelotas o jornal A Alvorada. A publicação também era voltada à população negra da cidade.
DOAÇÕES
Obras que abordem a história e a trajetória da cultura afro podem ser doadas para a Biblioteca Negra de Pelotas. As doações devem ser encaminhadas ao Clube Cultural Fica Ahí: rua Marechal Deodoro, 368. Mais informações pelo telefone 3272-2307.
HISTÓRIA DE UM MASSACRE - 21 DE MARÇO
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial em memória do Massacre de Shaperville.
Em 21 de março de 1960, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe que os obrigava a portar cartões de identificação para especificar os locais pelos quais poderiam circular. Isso aconteceu na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. A manifestação era pacífica. O exército, no entanto, atirou sobre a multidão, matou 69 pessoas e deixou outras 186 feridas.
O dia 21 de março marca ainda outras conquistas da população negra no mundo: a independência da Etiópia, em 1975, e da Namíbia, em 1990. Ambos países africanos.
FONTE: www.diariopopular.com.br
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RS GANHA "BIBLIOTECA NEGRA" EM PELOTAS
por José Antonio dos Santos da Silva
Fundação Cultural Palmares e Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPel assinaram Termo de Cooperação e Integração na sexta-feira(9), em ato realizado no Centro de Integração do Mercosul.
Resgatar a importância da cultura negra é o principal objetivo do Termo. Entre outras ações, a cooperação pretende capacitar educadores para a implementação da lei 10.639, cujo teor torna obrigatório o estudo sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos ensinos fundamental e médio.
Zulu Araújo
Em visita a Pelotas, o presidente da Fundação Palmares, Zulú Araújo, ressaltou a necessidade de aprimoramento dos ensinos voltados à cultura africana. "A África é o continente-mãe da humanidade e deu contribuições civilizatórias importantíssimas", disse Zulú.
O vice-reitor da UFPel, Telmo Pagana Xavier, declarou que o convênio é positivo tanto para a Universidade quanto para a comunidade em geral e disse que o ato trará um grande incremento para a região e resultados significativos para todos, principalmente porque Pelotas tem um grande número de afro-descendentes.
Além da Lei 10.639, a pró-reitoria de Extensão e Cultura desenvolve o Programa Buscando as Origens, que reúne quatro projetos, que são os relativos à Semana Zumbi, que visa promover em novembro a união das datas dos dias 14, Dia dos Lanceiros Negros, e 20, Dia da Consciência Negra; ao projeto Núcleo da Memória e de Estudos Afro-brasileiros da UFPel, "Memoáfrica"; ao trabalho Escola dos Tambores, que deverá trazer o Olodum a Pelotas; e ao projeto Caravana Afro-Brasileira, que pretende propiciar a 40 ministros de religiões de matriz africana radicados na Zona Sul uma visita a Salvador, Bahia, para observar semelhanças e diferenças entre as culturas religiosas das duas regiões.